Solidão da mulher negra

Como se já não bastasse sofrer com a desigualdade de gênero e o racismo, a mulher negra sofre também de solidão. Isso mesmo, a solidão da mulher negra é um tema ainda tímido perto de assuntos como homofobia, racismo, feminismo, talvez por causa do discurso de que a mulher tenta ser vítima, de todos os lados, e que ser mulher e negra aumenta vitimização sem necessidade.

Solidão

Esta solidão não está relacionada necessariamente em estar só, mas se sentir incompleta por não conseguir arrumar um amor ou um parceiro estável simplesmente por ser negra. Lógico, você deve estar se perguntando: “Como assim? ”, “Só porque eu não namoro uma negra sou racista?”, “Ser negra é sinônimo de ser solteira? ”. A linha de raciocínio não é bem assim.

Os dados

A solidão da mulher negra está presente até mesmo nos dados divulgados por organizações oficiais. Uma pesquisa de 2010 realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)apontou que 52,22% das mulheres negras do Brasil não mantém ou não mantiveram nenhum relacionamento estável. E 39,90% dos homens negros não preferem mulheres negras.

Você deve estar se perguntando: “Mas o porquê disso? ”, o sociólogo Gilberto Freyre escreve sobre o tema em  Casa Grande & Senzala (1933), livro que relata sem pudor a formação do povo brasileiro onde impera violência e a desigualdade. “A mulher branca é para casar, a mulher mulata para ‘foder’ e a mulher negra para trabalhar”.  Por mais machista que isso possa ser, é assim que em pleno século XXI a “morena” é representada.

Objeto Sexual

A mulata acaba sendo hiperssexualizada e subestimada diante de uma mulher branca e isso vem desde o período colonial. As brancas eram donas, madames, serviam como meio de promover o bem-estar e as aparências de uma bela casa, esbanjavam ordem sobre as “pretas”, consideradas inferiores. Damas negras eram simplesmente vista como objeto, só eram utilizadas como empregadas por possuir agilidade com as mãos e no cuidado com as crianças, além de serem estupradas pelos barões do café que gostavam de fazer uma sacanagem com uma “vagabunda”, fazendo dela submissa moral, física e psicologicamente.