Live destacou os desafios da produção de documentários durante a pandemia

Reportagem: Layne Maurício

Nesta quinta-feira, dia 12 de novembro, o Centro Universitário Barão de Mauá completou um total de 10 lives realizadas pelo curso de Jornalismo, trazendo o tema “Como filmar documentários em plena pandemia?”. O evento contou com a participação da jornalista, pesquisadora e produtora audiovisual, Milena Maganin, e teve mediação da professora Belisa Figueiró e dos alunos Nicolas Trivilato, do 2º semestre de Produção Audiovisual, e Igor Barbosa, do 4º semestre de Jornalismo.

Maganin é formada em Jornalismo pela Universidade de Ribeirão Preto e tem especialização em Linguagens Midiáticas pelo Centro Universitário Barão de Mauá. Com dez anos de atuação do setor do audiovisual, ela já dirigiu e produziu diversas obras, entre elas “Tambaú, o último milagre” (2009), “Patrícia” (2013), “Mulheres Rio Acima” (2016), “Voluntários do Sertão” (2017), “Divórcio” (2017), e “Ouvidores de Vozes” (2018), que é uma coprodução com o Canal Futura. Atualmente, ela é professora de Cinema e Vídeo no Senac de Ribeirão Preto e está produzindo um novo documentário de longa-metragem sobre a história de uma presa política durante a ditadura militar brasileira. O lançamento está previsto para 2021.

Logo no início da live, Maganin mostrou fotos dos bastidores da produção do documentário, gravado em Ribeirão Preto e em São Paulo. Ela fez uma análise do antes e depois da pandemia, contando como está sendo essa experiência durante esse período, ressaltando as dificuldades que a equipe encontrou. Segundo Maganin, para a produção do documentário, foi necessário utilizar o dobro de equipamentos e um planejamento muito mais extenso para as gravações.

“O cuidado com os equipamentos hoje em dia também é diferente. Temos que higienizar tudo e cada um leva o seu. Utilizamos álcool em gel o tempo todo. Com relação ao distanciamento, foi quase natural. Nem foi preciso pedir para a equipe, todo mundo está receoso e naturalmente distanciado”, disse ela.

Como a abordagem do filme trata do período da ditadura militar, a maioria dos entrevistados eram idosos, ou seja, pessoas do grupo de risco. Isso foi um dos principais problemas que a pandemia trouxe para a equipe. “As maiores dificuldades da pré-produção foi reorganizar, combinar e compartilhar esse risco com o entrevistado, proporcionando o máximo de proteção e o menor risco possível”, afirmou.

A direção de arte também sofreu adaptações, pois não era permitido entrar muitas pessoas na casa do entrevistado. A solução foi pedir uma foto do lugar para a produção poder decidir onde montariam os equipamentos. Maganin comentou também sobre as diferenças entre gravar em São Paulo e Ribeirão Preto. Segundo ela, por conta do tamanho da capital paulista, o planejamento foi o triplo do que seria normalmente. Como os deslocamentos são maiores, a pré-produção também acabou sendo mais complexa.

Maganin também comentou sobre o formato das lives na pandemia. Na sua opinião, é importante filtrarmos as lives que geram maior interesse, a fim de não nos cansarmos do formato. O ponto positivo é que esse novo meio acabou aproximando mais o público.

Além disso, Maganin ressaltou as diferenças e semelhanças entre a produção jornalística e a audiovisual. A maior diferença, para ela, é o tamanho da equipe, já que para o documentário de cinema é necessário ter uma equipe um pouco maior do que a equipe do jornalismo que vai para as ruas. A semelhança são os cuidados que temos que ter, distanciamento entre as pessoas, uso de máscaras e etc.

Por fim, a produtora reafirmou o aumento do consumo de material audiovisual e como esse hábito tem sido importante neste período de pandemia para a nossa saúde mental se soubermos filtrar tudo aquilo que assistimos.