IST Education: Projeto Multimídia sobre Infecções Sexualmente Transmissíveis

Por Duda Cubas, Igor Barbosa, Luiza Luz, Mayla Shiva, Rodrigo Vieira (colaborador), Victor Conte e Vinícius Pires*

As IST’s (Infecções Sexualmente Transmissíveis) eram denominadas de “malditas” nos anos 1990, pois um tratamento eficaz ainda não tinha sido desenvolvido pela ciência. A origem das infecções ainda era desconhecida, assim como a forma de transmissão. Preocupação e medo dominavam a população que pouco sabia sobre a situação.

Mais de 30 anos depois, o cenário não é tão diferente. A maior mudança ocorre por conta dos avanços na medicina, visto que remédios e tratamentos para as infecções foram desenvolvidos e disponibilizados para a população. Antes, a morte era um desfecho certo para quem era infectado. Hoje, quem contrai consegue viver de forma mais tranquila e longa.

A semelhança que permanece é a falta de informação e o descuido. Mesmo com dados e informações sobre as IST’s disponíveis na internet e por meio de publicações científicas, o assunto é pouco debatido e discutido. Uma das causas é porque ainda é considerado um tabu, e outra porque as ações do Governo para tratar da questão são pífias e ineficazes. Faltam campanhas em escolas, postos de saúde e até em canais de comunicação, como programas de televisão e redes sociais.

Entrevistas realizadas com alunos da unidade Independência, do Centro Barão de Mauá, mostrou o quanto o assunto é pouco compreendido pelos universitários. Perguntas sobre formas de transmissão, tratamento e o que as infecções significam tiveram respostas que deixaram claro o desconhecimento sobre os riscos aos quais estão expostos.

Uma especialista no tema foi convidada para esclarecer esses pontos importantes. Confira no vídeo a seguir:

O caso de Cazuza com a AIDS

A história do cantor e poeta Cazuza e os anos 1980 foram marcados não somente por suas letras e canções de fundo rebelde e contestador de sua época, mas também por um vírus que começava a ficar famoso e pegou carona na vida louca do artista, sem muitos cuidados. No fim daquela década, foi registrado o maior pico da crise da AIDS no Brasil e o rosto do artista, que acabou morrendo por causa da doença, simbolizou a tragédia de toda uma geração.

Cazuza queria mostrar sua identidade ao mundo, mas não imaginou que grande parte de sua carreira seria marcada pela AIDS. Ele se tornou um ícone de tentativa de sobrevivência em uma época que não havia cura, nem mesmo muitos cuidados com relação a esta infecção. Com uma vida cheia de vícios, ele acabou se infectando em 1985 por conta de suas várias relações sexuais sem proteção.

Atualmente, assim como Cazuza, outras pessoas convivem com alguma IST. A grande diferença é o desfecho. Com tratamentos realizados com acompanhamento médico e diagnósticos rápidos, hoje quem possui o vírus consegue ter uma vida saudável e a morte é uma realidade distante.

Porém, por ser considerada tabu, a AIDS e outras IST’s se tornam distantes. Para deixar a questão mais próxima da realidade de pessoas que possuem o vírus e daquelas que suspeitam que contraíram alguma IST, um episódio de podcast foi produzido com duas pessoas infectadas. Elas contam suas histórias de como pegaram o vírus e qual tratamento realizam. Falam de preconceitos que passaram e ainda passam por causa dessa condição, e de como o tema deveria ser mais discutido.

Ouça o podcast no Spotify:

De acordo com o Boletim Epidemiológico de HIV/AIDS 2021, divulgado pelo Ministério da Saúde, entre 1980 e julho de 2021, 1.045.355 casos de AIDS foram identificados no Brasil.

Mesmo com números altos, a taxa de pessoas com AIDS apresenta queda desde 2012. Em 2010, a proporção era de 21,4 casos por 100 mil habitantes; em 2011, foram registrados 22,3 casos; em 2012, esse índice caiu para 22 casos.

Em 2020, a redução é ainda maior: 14,1 casos por 100 mil habitantes. No entanto, vale ressaltar que esse número é reflexo da pandemia da Covid-19. Com a sobrecarga dos serviços de saúde, as infecções sexualmente transmissíveis caíram para segundo, terceiro, ou quarto plano. Os dados ainda mostram que entre 2010 e 2020, pessoas entre 20 e 29 anos são o grupo que mais teve aumento no caso de AIDS.

Entre as formas de prevenção da AIDS e outras IST’s, está o uso de preservativo em todos os tipos de relações sexuais, seja entre dois homens, duas mulheres, um homem e uma mulher, ou até mais pessoas.

Para entender o comportamento sexual dos estudantes da unidade Independência do Centro Universitário Barão de Mauá, um questionário foi elaborado. Nele, os alunos respondiam de forma anônima às questões relacionadas às IST’s, como o uso de preservativos, quais métodos anticoncepcionais eram usados, se a proteção sexual era usada em todas as relações ou não.

A pesquisa com 142 alunos mostrou que 62% usam preservativo masculino; 2,8% o feminino; e um índice alarmante: 22,5% não usam nenhum tipo de proteção sexual.

Além disso, os dados também mostram que o preservativo é usado majoritariamente no sexo vaginal, com 87,4% das respostas. Em seguida, vem o sexo anal com 38,9%.

Informações sobre a vida sexual, a quantidade de estudantes que fazem uso de algum método contraceptivo e qual deles é mais usado também foi perguntado. Confira os resultados abaixo:

*O IST Education é um projeto realizado pelos alunos do 7º semestre do curso de Jornalismo do Centro Universitário Barão de Mauá, na disciplina Produção Multimídia em Jornalismo.