Texto: Leandro Isac
“Sempre é possível acreditar na vida e na humanidade”
Desde que foi notificada em Wuhan (China) em dezembro de 2019, a Covid-19 já se espalhou por pelo menos 180 países e territórios e infectou quase 1,2 milhão de pessoas, causando mais de 72 mil mortes, dados da OMS (Organização Mundial de Saúde), até o presente momento.
Com o aumento dos casos, a OMS declarou o surto uma pandemia em 11 de março de 2020. Desde então, milhares de médicos e cientistas de todo o mundo têm corrido contra o tempo para elaborar uma vacina que seja eficaz na imunização da doença, testar remédios e avaliar número de infectados, enquanto isso, a população mundial vive em isolamento.
É a primeira vez, em muitos anos, que o mundo vive uma situação assim. Junto com a pandemia atual também veio o pânico generalizado e muitas dúvidas sobre como será o cenário mundial quando tudo isso passar.
O sociólogo e professor da Barão de Mauá, Wlaumir Souza, explicou que a Covid-19 trará mudanças em todos os planos referentes à vida social e econômica. Ele afirma que “o mundo será outro” no retorno da quarentena. Inclusive pela falta de possibilidade de fazer planejamentos a longo prazo, devido ao risco de uma nova onda de Covid-19.
Crise econômica e fake news
“Do ponto de vista econômico, as empresas investiram no trabalho a domicílio e, com isto, conseguiram reduzir custos fixos transferindo-os aos empregados, sem contrapartida. É um aumento de lucratividade. Por outro lado, as pessoas trabalham muito mais intensamente e pode haver a redução no número de postos de trabalhos no retorno às atividades”.
De acordo com Wlaumir, ao final da pandemia, o crescimento econômico, que no Brasil já era baixo, será lento e agora passará a ser negativo.
“Haverá um crescimento do desemprego nos países em desenvolvimento, como o Brasil, aliado ao endividamento das famílias. Uma postura inadequada do governo federal custará caro à população mais pobre e iniciará um declínio acentuado da classe média, que sentirá os efeitos de um liberalismo”.
Outro problema que a pandemia está causando é o excesso de fake news que acabam ocasionando o pânico na população que está vulnerável emocionalmente. Para o professor, a apreensão acontece diante da possibilidade de as pessoas não conseguirem se manter com o próprio salário.
“O pânico é causado pela imprevisibilidade da vida causada pela Covid-19. As redes sociais aceleram este processo de ansiedade e fazem com que a informação massiva conduza a impossibilidade, da parte de muitos, sobretudo dos menos escolarizados e críticos, de pensar a vida e analisar o que ocorre ao seu redor, levando ao pânico por ver que seu mundo já não é mais o mesmo”.
Uma lição para o mundo
Por outro lado, a pandemia pode servir de lição para a humanidade ficar renovada e se atentar mais a questões ambientais, que antes eram ameaçadas pelas próprias mãos do homem.
“Uma das questões chaves, e que já foram colocadas por outras epidemias, é o respeito a natureza. Com o ebola foi assim, com o Covid-19 continua sendo e, neste ponto, repensar as políticas de combate ao aquecimento global se fará urgente” afirma Wlaumir.
E o que esta pandemia poderia trazer de positivo? “Os países passaram a colaborar mais um com os outros, demonstrando que a paz mundial é possível e viável. Além disto, a solidariedade entre vizinhos, amigos e até pessoas desconhecidas pode ser vista pela música nas varandas, as compras para os mais velhos e pessoas com maior risco de convalescença. Sempre é possível acreditar na vida e na humanidade”, finaliza o professor.