Fotógrafo Joel Silva fala sobre jornalismo de guerra em aula magna

Por Jeniffer Santos

Nesta segunda-feira (18), os cursos de Jornalismo, Publicidade e Propaganda e Produção Audiovisual receberam o fotojornalista Joel Silva para uma aula magna inspiradora, após a exibição do seu documentário “Todas as guerras que eu vi” para as diferentes turmas. Ele está na profissão há quase 30 anos e compartilhou detalhes do seu trabalho como correspondente de guerra em países como Colômbia, Egito, Líbia e na Faixa de Gaza.

Os professores mediadores da noite foram Belisa Figueiró, Cid Machado, Jéssica Amorim, Guilherme Nali e Jefferson Barcellos. As alunas Evelyn Rodrigues, Maristela Bárbara, Beatriz Egydio e Julia Valeri também participaram como debatedoras.

Para as questões abordadas, Joel Silva contou sobre o início da sua carreira, suas técnicas, preparações para pautas na periferia de São Paulo, dilemas éticos e traumas.

“Certo dia eu fui chamado para tirar fotos em um caso de violência. Havia um corpo estirado no chão, no asfalto, e vários policiais fazendo a perícia. Ao meu ver, a cena estava linda, então eu logo me preparei para fotografar. Em seguida, observei que tinha uma senhora me olhando do outro lado da calçada, era a avó do menino que faleceu. Na hora, lembrei da minha mãe. Eu fui até ela para pedir autorização para tirar as fotos. Mas ela disse que se fosse para fotografar só para fazer o meu trabalho, não iria autorizar, mas se fosse para falar que as drogas mataram o neto dela e que vão matar mais gente, aí sim ela me deixaria fotografar. Foi aí que eu percebi que preciso me colocar no lugar do outro para que a ética funcione no meu trabalho”, disse Joel Silva.

O fotojornalista relembrou também sobre o momento em que levou um tiro na cabeça durante a cobertura da Primavera Árabe, no Egito, os treinamentos que recebeu para fazer coberturas de guerra, como ocorria a negociação de uma pauta com a diretoria do jornal Folha de S. Paulo, entre vários outros assuntos. Ao final, ele destacou que o jornalismo “é sobre jogar luz nos porões da sociedade”.