Alimentação consciente e baseada em uma dieta com produtos sem origem animal pode diminuir os impactos da natureza, segundo biólogo.
Por Fábio Fuentes, João Victor Betioli e Josielle Gregório
Com o passar dos anos, o consumo de alimentos e produtos têm se tornado cada vez mais consciente. Uma pesquisa feita pela Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB) e conduzida pelo Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope), em 2018, no Brasil, apontou que quase 30 milhões de pessoas se declaravam vegetarianas, representando 14% da população nacional. Em 2023, a expectativa é que esse número superasse os 40 milhões, representando 20% da população nacional. No caso dos veganos, estima-se que existam dez milhões de brasileiros aderindo a esse estilo alimentar.
Além dos veganos e vegetarianos, existem alguns outros tipos, como os crudívoros ou crudíveganos, que são pessoas que consomem os alimentos no seu estado natural, cru, sem que passe por um cozimento. Sendo assim, a dieta é baseada em legumes, frutas e vegetais.
O cuidado com o meio ambiente é um dos fatores que levam as pessoas a aderir a essa prática e mudar o consumo de produtos de origem animal. O biólogo Daniel Imamura comenta sobre os impactos que a pecuária e a agricultura podem causar no meio ambiente.
“Os impactos são realmente enormes, incluindo poluição do ar, do solo e da água, além do desmatamento. Vemos a predominância da monocultura, especialmente para abastecer a pecuária. Isso é evidente quando consideramos que a maior parte dos grãos produzidos globalmente é destinada à produção de ração animal. Basicamente, estamos utilizando proteínas de origem vegetal para alimentar e manter a produção de gado, porcos, aves e peixes”, diz Imamura.
Quando falamos no desperdício, os números são altos e mostram a diferença nas formas de produção. Um estudo, publicado na revista Nature Food mostrou que as dietas veganas tiveram cerca de 75% menos emissões e uso da terra em comparação com dietas com alto consumo de carne, também tiveram quase 54% menos uso de água do que as dietas ricas em carne e cerca de 73% menos poluições da água via escoamento, além de um impacto reduzido na biodiversidade.
Para o biólogo Daniel Imamura, ao deixar de consumir produtos de origem animal, os consumidores passam a contribuir com uma mudança de comportamento, evitando desperdícios e ajudando o desenvolvimento do meio ambiente.
“Quando se opta por deixar de consumir produtos de origem animal ficamos mais criteriosos com o que consumimos damos prioridade para pequenos produtores promovendo a agricultura familiar e evitamos ao máximo as grandes redes”, comenta Imamura.
Confira o vídeo abaixo sobre uma das maiores feiras veganas do Brasil:
Para a produção de um hambúrguer de origem animal, são gastos 2.400 litros de água para cada unidade, e para produzir um hambúrguer de origem vegetal é gasto cerca de 200 litros de água e, só no Brasil, cerca de 13 milhões de pessoas consomem fast food. Esses dados causam um forte impacto na fauna e flora.
Além disto, se reduzir o consumo de produtos de origem animal, diminui a necessidade de terras para a criação de gado, porco, aves e peixes, resultando em menos desmatamento e preservação de habitats naturais.
“Ao evitar produtos de origem animal, o veganismo reduz as emissões de gases de efeito estufa da pecuária, contribuindo para a mitigação das mudanças climáticas. Em resumo, adotar uma dieta vegana é uma maneira eficaz de promover a sustentabilidade ambiental e combater as mudanças climáticas.” ressalta Imamura.
Para saber mais sobre o processo de adaptação ao veganismo e os principais mitos e verdades, confira o podcast com a nutricionista Alícia Botion: